@MASTERSTHESIS{ 2022:90170065, title = {O "Fausto" de Fernando Pessoa: criação, edição, recepção}, year = {2022}, url = "https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9396", abstract = "Esta dissertação tem por objetivo investigar os processos de criação, edição e recepção do "Fausto" de Fernando Pessoa, em quatro perspectivas distintas, mas complementares, conforme propõe Carlos Pittella (in PESSOA, 2018): como obra literária fragmentária, peça de teatro em cinco atos não linear e inacabada, arquivo material composto por centenas de documentos arquivados no Espólio 3 da Biblioteca Nacional de Portugal e, finalmente, como livro póstumo, em quatro edições distintas entre si. O primeiro capítulo dedica-se, assim, ao processo de criação do poema, tomando para tanto as eventuais relações intertextuais existentes entre o "Fausto" pessoano e outros textos da tradição fáustica que se supõe terem servido de arquétipos para Fernando Pessoa, ainda que essa filiação se estabeleça a contrapelo e na forma de uma traição a alguns de seus modelos. Também é objeto do primeiro capítulo a textualidade fragmentária e inacabada do poema, encarada como um índice das tensões entre organicismo e fragmentariedade na obra pessoana, tal como estas se encontram criticamente apreciadas por autores como Carla Gago (2007), Rita Patrício (2008) e Pedro Sepúlveda (2012). Dialoga-se, ainda, com o conceito aristotélico de potência-de-não, recuperado pelo filósofo Giorgio Agamben (2015; 2018), cuja apropriação permite pensar o inacabamento em compasso com a ideia de que o "Fausto" não é apenas inacabado, mas inacabável, de acordo com a clássica tese de Manuel Gusmão (1986). O segundo capítulo, por sua vez, parte de marcos teóricos como Jacques Derrida (2001), Jerónimo Pizarro (2012), Fernando Cabral Martins (2003; 2011) e Simone Celani (2020) para se debruçar sobre a constituição do espólio de Fernando Pessoa e analisar as edições impressas que até o momento propuseram diferentes ordenações ao Fausto: “Primeiro Fausto” (1952), "Primeiro Fausto" (1986), "Fausto – Tragédia Subjectiva (Fragmentos)" (1988) e "Fausto" (2018). Tal análise fundamenta-se na hipótese de que as edições do "Fausto" configuram momentos decisivos da recepção da obra, uma vez que produzem variadas implicações críticas, seja ao nível do estabelecimento do texto ou de sua organização, reforçadas em paratextos editoriais como os prefácios e notas. Assim, esta dissertação se dedica a um estudo comprometido com as materialidades da literatura, a fim de investigar o caráter coletivo e histórico dos processos de criação, transmissão e recepção de obras literárias, sobretudo quando sua transmissão se efetiva postumamente.", publisher = {Universidade Federal do Amazonas}, scholl = {Programa de Pós-graduação em Letras}, note = {Faculdade de Letras} }