@MASTERSTHESIS{ 2025:1774126576, title = {Declínio de espécies ícticas de baixo valor comercial na percepção de pescadores e comerciantes do Baixo Amazonas}, year = {2025}, url = "https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/11005", abstract = "A ictiofauna amazônica é diversificada, mas a pesca local foca em poucas espécies, incluindo aquelas de baixo valor comercial suscetíveis à sobrepesca. Este estudo buscou identificar, na percepção de pescadores e comerciantes de Santarém-PA, no Baixo Amazonas, quais espécies de baixo valor comercial está diminuindo em quantidade nos desembarques e os possíveis motivos. A pesquisa foi realizada entre abril e julho de 2024 em feiras e mercados, por meio de entrevistas utilizando um questionário semiestruturado com pescadores e comerciantes reconhecidos por seus pares, através do método “Snowball”. Os dados foram organizados em planilhas, analisados com estatística descritiva e comparados a séries históricas de desembarque. Aplicaram-se testes de qui-quadrado, análise de resíduos ajustados (via Past) e correlações de Pearson entre anos e volumes de captura (via Jamovi) para as espécies mais citadas em declínio. As causas do desaparecimento de espécies e as sugestões dos pescadores foram representadas em diagramas de Sankey. Diferenças nas percepções entre pescadores e comerciantes sobre espécies de baixo valor comercial foram analisadas com o teste de Kruskal-Wallis, após verificação da normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk, utilizando o software R. Para investigar a relação entre o declínio de etnoespécies de baixo valor comercial e fatores ecológicos ou comerciais, foi elaborado um índice com base na biomassa anual, integrando coeficiente de regressão, R² e valor de p. Foram realizadas 47 entrevistas com pescadores e 57 com comerciantes, ambos majoritariamente homens, com média de idade acima dos 50 anos e mais de três décadas de experiência na atividade pesqueira. Foram identificadas 38 etnoespécies citadas pelos pescadores e 37 pelos comerciantes como componentes regulares da pesca e da comercialização. Os pescadores percebem redução na captura de peixes de baixo valor comercial nos últimos anos. Entre os mais citados (62,4%) estão aracus, pescada, charutos, acarás, aruanã, jaraquis, tamoatá, traíra, matrinxã e curimatã. A comparação com dados de desembarque dos períodos de 2001–2004 e 2011–2020 revelou diferenças estatisticamente significativas, indicando variações relevantes nas abundâncias ao longo do tempo. As análises de correlação revelaram declínio significativo nas abundâncias de pescada, aracu, acará, matrinxã e jaraqui, com coeficientes de correlação negativos e elevados ao longo dos anos de desembarque. Esse declínio é atribuído à pressão da pesca, impactos de grandes empreendimentos, degradação ambiental e falta de fiscalização, especialmente a partir de 2004. Além disso, secas intensas, enchentes pequenas e friagem foram mencionadas como fenômenos associados. A quantidade de kg vendidos anualmente foi a variável mais explicativa do declínio observado. Para reverter o quadro, os pescadores sugeriram maior controle governamental da pesca, incluindo fiscalização rigorosa, educação ambiental, aprimoramento da gestão comunitária e maior conformidade com as regras pesqueiras. Também destacaram a criação ou fortalecimento de políticas públicas e a necessidade de maior participação dos pescadores nos processos decisórios. O estudo destaca que unir saber local e científico, com apoio de políticas públicas, é essencial para a pesca sustentável e a conservação dos estoques pesqueiros.", publisher = {Universidade Federal do Amazonas}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros}, note = {Faculdade de Ciências Agrárias} }