@MASTERSTHESIS{ 2025:1387274889, title = {Voçoroca do conjunto habitacional São Sebastião – Rio Preto da Eva: dinâmica evolutiva}, year = {2025}, url = "https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/11037", abstract = "A erosão do solo, intensificada quando a chuva incide sobre encostas desmatadas, tornou-se uma ameaça constante nas franjas urbanas da Amazônia Central. No Conjunto Habitacional São Sebastião, em Rio Preto da Eva (AM), essa pressão deu origem a uma voçoroca — uma incisão profunda e em rápida expansão — que serve de estudo de caso para compreender como relevo, solo, água e uso antrópico interagem e agravam a degradação ambiental. A pesquisa busca suprir duas lacunas: a falta de séries de monitoramento multianuais de feições erosivas em ambientes tropicais úmidos e a escassa quantificação de seus custos ambientais e econômicos. O objetivo central foi acompanhar a evolução morfológica da voçoroca entre 2011 e 2024, identificar os fatores que condicionam seu avanço e estimar as repercussões físicas e patrimoniais da erosão. A metodologia combinou técnicas geomáticas, laboratório de solos e informação socioeconômica. Seis levantamentos com veículo aéreo não tripulado (VANT) geraram ortomosaicos e modelos digitais do terreno que permitiram medir área, volume e avanço linear da incisão. No laboratório foram analisadas amostras de solo colhidas em dez profundidades da parede da voçoroca, textura, densidade, porosidade, infiltração e resistência à penetração e sedimentos depositados no igarapé Agripino. Dados diários de precipitação (CHIRPS) foram correlacionados às etapas de crescimento, e entrevistas com moradores subsidiaram o cálculo de danos patrimoniais. Todo o conjunto foi interpretado à luz da teoria sistêmica, que considera as retroalimentações entre subsistemas geomorfológicos, hidrológicos, pedológicos e humanos. Os resultados mostram progresso ininterrupto da feição. A área saltou de 3.611 m² em 2019 para 4.910 m² em 2024; o volume erodido, de 64.600 m³ para 103.600 m³. O avanço linear acumulado na cabeceira atingiu 31 m, com pico de 8,5 m no biênio 2020-2021, período de chuvas intensas. Camadas superficiais (0–6 m) apresentam teor de argila >55 % e porosidade >40 %, facilitando desagregação pelo impacto das gotas e selamento superficial. Abaixo de 10 m, o perfil torna-se franco-arenoso, mais denso e menos poroso, predispondo o solo a quedas em bloco e a escoamento subsuperficial. No leito do igarapé, a Área de Deposição Antiga reúne 72 % de areia em média, indicando retrabalhamento hidráulico, enquanto a Área de Deposição Recente preserva frações mais finas, refletindo deposição recente e pouco retrabalhada. Os impactos são evidentes: assoreamento do curso d’água, represamento, morte de árvores ribeirinhas e perda de lotes edificáveis. A estimativa de dano patrimonial por perda de área ultrapassa R$ 113 mil. Já o custo projetado para estabilização completa da incisão supera R$ 1,7 milhão, revelando que adiar ações corretivas onera cada vez mais o poder público e a comunidade. A progressão média anual de 0,5–1 m na cabeceira traduz-se não só em solo perdido, mas também em riscos à segurança habitacional e em agravamento da qualidade da água a jusante. Conclui-se que a voçoroca resulta da convergência entre relevo íngreme, litologia friável (arenitos Alter do Chão) e práticas urbanas que concentram escoamento — terraplanagem, redes pluviais mal desenhadas e remoção da mata secundária. A leitura sistêmica adotada permitiu traduzir o ritmo de degradação em métricas ambientais e financeiras tangíveis e evidencia a necessidade de integrar obras de engenharia (dissipadores de energia, revegetação, drenagem adequada) a normas de ocupação que respeitem as limitações do terreno. Somente com planejamento urbano preventivo e gestão ambiental proativa será possível conter a expansão da voçoroca e mitigar seus impactos socioambientais", publisher = {Universidade Federal do Amazonas}, scholl = {Programa de Pós-graduação em Geografia}, note = {Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais} }