@MASTERSTHESIS{ 2025:837348904, title = {“A gente não é fabricada numa linha de produção pra ser tudo igual”: desafios, potencialidades e resistências na saúde de mulheres bissexuais em Manaus/AM}, year = {2025}, url = "https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/11047", abstract = "A bissexualidade é atravessada e construída pelo contexto histórico e social, e as concepções de marginalização e o apagamento de pessoas bissexuais das áreas acadêmicas, médicas, sociais e políticas reforçaram estereótipos que ocasionam prejuízo à saúde bissexual, como a alegação de ser ilegítima, a ligação à promiscuidade, confusão, indecisão e a associação a infecções sexualmente transmissíveis. Quanto às mulheres, a fetichização e a hipersexualização também levam a vulnerabilidades em saúde mental, sexual e reprodutiva, além de violências. Mesmo diante desse cenário, é comum que o debate da saúde bi seja ignorado ou apenas mencionado como parte de uma lista em cartilhas, políticas e práticas de saúde, o que configura uma lacuna entre o que preconizam os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS) e a realidade concreta. No contexto do Amazonas, a despeito de conquistas como a Política Estadual de Saúde Integral LGBTI+, persistem desafios no acesso à saúde por parte dos grupos que compõem a sigla, incluindo as bissexuais. Nesse sentido, esta dissertação tem como objetivo geral analisar as experiências de cuidado em saúde de mulheres que se identificam como bissexuais e/ou pansexuais e/ou que se relacionam com pessoas de mais de um gênero e residem na cidade de Manaus/AM. Ao pensar as experiências de cuidado, partimos da concepção de que a saúde pode tanto ser produzida por profissionais e serviços de saúde quanto pelas próprias sujeitas. Utilizamos do método narrativo proposto por Jovchelovitch e Bauer para as entrevistas narrativas individuais e analisamos os discursos das doze interlocutoras da pesquisa à luz de concepções do feminismo pósestruturalista, do conceito de saúde ampliada da Saúde Coletiva e de contribuições teóricas sobre bissexualidades. Os resultados foram analisados a partir das etapas propostas por Fritz Schütze para a análise de narrativas e foram construídos três grandes temas de discussão: 1) necessidades em saúde – o que demandam; 2) desafios e potencialidades no acesso à saúde – o que encontram; e 3) reconhecimentos, subjetividades e produção de saúde – como (r)existem. As narrativas demonstraram a recorrência de sofrimento psíquico, violências sexuais e psicológicas na infância, na adolescência e por parceria íntima e uma saúde sexual e reprodutiva impactada pela associação da bissexualidade às infecções sexualmente transmissíveis. Os desafios contemplaram problemas estruturais e geográficos do SUS amazônico, bem como profissionais despreparados para lidar com as demandas e a revelação da (bis)sexualidade. Ao mesmo tempo, profissionais e serviços interessados nos históricos sexuais e afetivos das mulheres ofereceram assistência adequada e foram importantes para a continuidade do cuidado. O reconhecimento como mulher bissexual/pansexual possibilitou novos significados subjetivos e a participação em movimentos sociais feministas e LGBTI+, bem como as redes de apoio, formaram estratégias para resistir e produzir saúde. As trajetórias demonstraram a importância do olhar atento às singularidades das mulheres bissexuais amazônidas para a construção de políticas e práticas de cuidado que verdadeiramente as atendam de maneira integral e equânime.", publisher = {Universidade Federal do Amazonas}, scholl = {Programa de Pós-graduação em Psicologia}, note = {Faculdade de Psicologia} }