@MASTERSTHESIS{ 2020:1004188517, title = {Entre o Mítico e o Real: os escândalos do Putumayo e o holocausto amazônico}, year = {2020}, url = "https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8127", abstract = "No período que compreende a transição do século XIX para o século XX, a Amazônia é um importante e vasto espaço em formação e disputa. A formação dos contornos geográficas da região se assenta, por um lado, nas recém-independentes repúblicas sul-americanas e, por outro, no desejo em conhecer, catalogar e domesticar um patrimônio biológico de proporção astronômicas situado nos confins daquele “almoxarifado de luxo tropical”, ainda que tal empresa custasse os corpos e a cultura dos povos da região. Diante disso, a presente investigação objetivou verificar a relação entre o arquétipo exotizado no mito amazônico e a inserção periférica da região na modernidade da virada do século XIX para os anos 1900’s. Para tanto, compreenderam-se os retratos de violência, exploração e resistência a partir da literatura de viajante produzida sobre a Amazônia entre a segunda metade do século XIX e a primeira década do século XX. Em seguida, revisitou-se o caso que ficaria conhecido internacionalmente como “os escândalos do Putumayo” enquanto manifestação dos retratos de violência, exploração e resistência que perfazem a região no referido período. Finalmente, analisaram-se os escândalos do Putumayo enquanto espaço histórico situado entre uma Amazônia mítica e a real e violenta inserção da região na lista de interesses internacionais. As fontes históricas que compuseram o corpus da pesquisa compreendem relatos de viajantes, publicações de jornais e periódicos de circulação local, nacional e internacional, transcrições dos diálogos produzidos na Câmara dos Comuns, depoimentos, relatórios de investigação, cartas, ofícios, contratos, fragmentos de processos judiciais peruanos e ingleses, bem como memoriais e registros fotográficos. A análise do acervo bibliográfico e documental coletado ao longo da investigação se deu a partir de um arcabouço epistemológico dos estudos decoloniais. Desta feita, conceitos como colonialidade e modernidade nortearam a discussão empreendida ao longo da investigação. Finalmente, verificou-se a reincidência da exotização Amazônia enquanto um movimento iniciado nos primeiros contatos coloniais e constantemente atualizados, o mito amazônico opera enquanto fundamento par excellence do secular esbulho sofrido pela região. Desde a segunda metade do século XIX, a Amazônia passa a experienciar sua definitiva transformação em um almoxarifado de luxo tropical, cuja suposta finalidade é atender aos desejos de consumo e a curiosidade dos centros hegemônicos da racionalidade moderna. A imagem exotizada da região fomenta sua subalternidade e marginalização, podendo ser compreendida enquanto processo imagético que tem no discurso científico a sua principal instância referencial. A exploração violenta da região, mantida pela secular economia de base extrativista, tem no corpo dos povos indígenas a verdadeira fonte de toda riqueza. Na Amazônia, a economia dos corpos se deu a partir da violenta exploração de grande parte dos sujeitos envolvidos nos processos de predação da natureza. Neste quadro, o Putumayo peruano pode ser compreendido como o arquétipo amazônico no qual o mítico e o real compõem a cultura exploratória da região. A internacionalização dos escândalos do Putumayo se deu no quadro da exotização da Amazônia, invocando ora o caráter humanitário do espírito imperial ora a Doutrina Monroe de um continente americano independente a fim de assegurar o direito-dever de investigar e responsabilizar os perpetradores das práticas denunciadas.", publisher = {Universidade Federal do Amazonas}, scholl = {Programa de Pós-graduação em História}, note = {Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais} }